ATITUDE ESCONDIDA


Trata-se de um comportamento reprovável que acompanha o ser humano desde o Antigo Testamento, afetando até líderes políticos e religiosos. Vão aqui apenas algumas amostras.
Conforme narra 1 Samuel 18.15-25, Saul buscava recurso para eliminar Davi, de quem ele curtia inveja. Sabendo que sua filha Mical se afeiçoara ao jovem guerreiro, julgou oportuno usá-la como um laço (v. 21). Como condição, exigiu do futuro genro uma luta contra os filisteus, crendo que seria derrotado e morto. Onde transparece a atitude escondida de Saul? O versículo 25 explica: “O plano de Saul era fazer cair a Davi pelas mãos dos filisteus”. 
A fim de exterminar o licencioso culto a Baal (2 Reis 10.15-19), o rei Jeú fingiu ser um de seus adeptos e convidou os profetas, sacerdotes e servos daquela divindade pagã para um “grande sacrifício”, mas consoante o versículo 19, “Jeú fazia isto com astúcia, para destruir os adoradores de Baal” – objetivo oculto.
A reconstrução dos muros de Jerusalém (Neemias 6) contou com opositores tentando dissuadir o dirigente da empreitada, convidando-o para um diálogo “amigo”. Usaram táticas diversas, sempre escondendo o propósito maléfico do encontro, que era intimidar o líder e interromper a tarefa iniciada. Neemias, porém, dotado de discernimento, percebia que intentavam fazer-lhe mal (v. 10 e 12), embora se apresentassem como bons conselheiros.
Escribas e fariseus solicitaram de Jesus o juízo sobre a mulher acusada de adultério (João 8.1-11). O versículo seis denuncia o intento deles como “uma armadilha, para terem de que acusá-lo”. Se Jesus ordenasse o apedrejamento, estaria assumindo o papel do juiz; se proibisse, poderiam culpá-lo de relaxar a moralidade pública. A reação do Mestre a esse dilema ardiloso emudeceu os falsos puritanos.
Na questão do tributo, Jesus condenou a malícia não expressa por parte dos fariseus e herodianos, e perguntou-lhes: “Por que me experimentais, hipócritas?” (Mateus 22.18). E o doutor da lei? Interrogou Jesus acerca do maior mandamento, mas com objetivo de experimentá-lo, não de aprender com Ele (Mateus 22.35).
Nem sempre é fácil flagrar crentes camuflando intenções inconfessáveis. Aperfeiçoam-se na arte de manipular sob pretexto de colaboração generosa. Insinuam mudanças na doutrina e na prática, a partir de experiências compartilhadas, palavras doces, gestos afáveis. Aos cristãos da Galácia os judaizantes dirigiam cortesias que ocultavam o plano de afastá-los da graça, e Paulo adverte: “Os que vos obsequiam não o fazem com sinceridade, mas querem afastar-vos de mim, para que vós tenhais zelo por eles” (Gálatas 4.17).
Aos que assim procedem, Jesus compara a víboras, pelo seu caráter traiçoeiro e nocivo (Mateus 3.7), de cuja lábia Paulo cientificou os coríntios: “Temo que, assim como a serpente enganou a Eva com sua astúcia, assim também sejam de alguma sorte corrompidos os vossos entendimentos, e se apartem da simplicidade que há em Cristo” (2Coríntios 11.3). Convém testar e discernir atitudes astuciosas.
Francisco Mancebo Reis
O Jornal Batista

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