Quando Moisés foi ao encontro de Deus para desvendar o mistério da sarça que ardia, mas não se consumia, ouviu do Senhor a ordem: “Tira os teus sapatos de teus pés, porque o lugar em que tu estás é terra santa” (Ex 3.5). Ainda hoje ao adentrar uma mesquita o visitante é convidado a tirar os sapatos. Embora não seja costume dos cristãos tais práticas ao entrar no templo, há que ocorrer respeito ao prestarmos culto. O escritor de Eclesiastes recomenda: “Guarda o teu pé quando entrares na casa de Deus; e inclina-te mais a ouvir do que oferecer sacrifícios...” (5.1). Não menos contundente é a declaração de Habacuque 2.20: “Mas o Senhor está no seu santo templo: cale-se diante dele toda a terra”.
Em o Novo Testamento temos a ação de Jesus ao expulsar do templo os vendilhões. A conclusão do Mestre é apavorante e há que servir de aviso a todos os adoradores em todos os tempos: “Tirai daqui estes, e não façais da casa de meu Pai casa de venda” (Jo 2.16). Tão impressionante foi o ato praticado por Jesus, que os discípulos apavorados lembraram a expressão do Salmo 69.9: “O zelo da tua casa me devorará”. Hoje estamos sendo devorados não pelo zelo da casa do Senhor, mas sim por sua banalização.
Mesmo admitindo que na atualidade a onda de modernidade roubou dos salvos a reverência, o culto há que se manter solene. Nada justifica a banalização, a improvisação, o descuido com as vestes e aparência dos que ministram no templo. Um mínimo de solenidade se requer dos responsáveis pelo culto.
Alguns atos do culto, por si só, são solenes. A Ceia do Senhor exige do celebrante atitude e comportamento que convide o povo à reflexão. Ao exame introspectivo, pois o próprio texto bíblico, I Coríntios 11.28, assim o exige. Difícil a introspecção com participantes trocando cálice, pessoas se movimentando, grupos de coreografia dançando ao redor da mesa, uvas sendo distribuídas aos não salvos. Celebrante de bermuda e camiseta do time preferido, que nem sempre é o da congregação. O momento da Ceia não oferece lugar a espetáculo circense. Claro que a responsabilidade maior é do líder, não dos liderados.
O batismo é outro ato do culto que requer de todos, inclusive do celebrante, reverencia. O batizando testifica, mediante o batismo, que morreu para o pecado e agora vive nova vida em Cristo. O batismo oferece aos presentes profunda reflexão e o meditar que os nossos pecados foram perdoados em Cristo. Deve gerar no coração do não salvo o desejo de aceitar a Cristo, como Salvador, e ter a mesma experiência. A pessoa que se submete ao batismo passa a integrar a igreja, que o recebe com profunda alegria. Não é hora de piadas, palmas ou brincadeiras com o candidato. A solenidade exigida para o ato envolve o ministrante, o candidato, a congregação e o testemunho público aos não salvos.
Há poucos dias um pastor resolveu fazer gracinha ao batizar um adolescente. Antes da invocação da Trindade, disse ao menino que tremia dentro da água fria: “Se for corinthiano te afogo”. A congregação estupefata não entendeu a brincadeira perniciosa do pastor. Muitos ficaram escandalizados com tal agir. Desnecessária a atitude pastoral em momento tão solene. Não por agir contra o Corinthians, mesmo que fosse outro time qualquer, a piada descaracterizou a solenidade. Não se mistura futebol com batistério. Mas, como a boca fala do que o existe no coração, o nobre ministro não conseguiu se libertar do jogo da tarde. Não sei se o Corinthians ganhou ou perdeu. Sei apenas que o nobre colega manchou o ministério. Ele não foi aluno do meu ilustre professor de História Eclesiástica, que recomendava aos alunos: “Pastor que se preza e zela pelo ministério que lhe foi confiado, jamais torcerá publicamente, especialmente ante as ovelhas, por qualquer time”. A preferência do pastor e seu comprometimento é com Jesus, que recomendou batizar e jamais afogar os novos salvos.
A banalização do culto em nome de suposta modernidade gera a degradação da solenidade inerente à verdadeira adoração. Podemos ser modernos sem jamais cair na vulgaridade. O ser vulgar não se coaduna com a solenidade que determinados atos do culto requerem. Que o digam as vestes, a postura solene dos ministros e juízes ao prolatar seus veredictos nas ações que julgam. Não se afoga corinthiano no batistério, nem torcedor de outro time qualquer.
Pr Julio Oliveira Sanches - www.pastorjuliosanches.org
Pr Julio Oliveira Sanches - www.pastorjuliosanches.org
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