COMPAIXÃO, NÃO EXPLORAÇÃO!

O sofrimento na atualidade se constitui em fonte de riquezas para os que exploram a dor. O sofredor é presa fácil dos que fazem negócio com a miséria humana. Incapaz de reagir, até mesmo de discernir o melhor para a dor que o assola, a pessoa em sofrimento não revela reação aos que usam da sua dor para explorá-la. Incapaz de pensar numa solução, se entrega ao primeiro que lhe oferece alivio. Paga qualquer preço para conseguir amenizar o sofrimento. Faz qualquer sacrifício, desde que o mal que o atormenta seja erradicado.

O doente em estado terminal na UTI, quando a medicina não tem mais o que fazer para trazê-lo à vida, se constitui em presa fácil à família desesperada. A equipe médica oferece determinado procedimento cirúrgico, caríssimo que aplicado, pode resolver o problema, mesmo sem garantia. A família se desfaz dos seus últimos recursos materiais para custear a cirurgia. A vida da pessoa amada não tem preço. Qualquer sacrifício é compensador, pensa a família. Dias depois só resta chorar a perda, com o consolo que ocorreu um quadro, não previsto, mas fizemos o que era possível fazer.

Os que procuram curandeiros e milagreiros entregam tudo em troca da saúde que se esvai. O missionário milagreiro sabe explorar a dor alheia. Sabe tocar na ferida aberta pela dor para conseguir o máximo do doente e dos seus. Caso não ocorra o milagre desejado, e não ocorre, a desculpa apresentada é que o doente ou seus familiares não exerceram suficiente fé para produzir o resultado positivo. Além da perda do ente querido fica o sentimento de culpa por falta da fé suficiente. Claro está que o resultado negativo não garante o retorno da quantia paga ou ofertada.

Quão diferente a atitude de Jesus ao se confrontar com pessoas em aflição e dor. Não havia exposição pública do doente. Jesus não explorava a dor alheia para conseguir IBOPE entre a multidão. Ao contrário, ao curar alguém dizia “Olha não o digas a alguém” (Mat. 8.4). O anonimato integrava o sentimento de compaixão. Foi o que Jó esperava dos seus amigos inoportunos. “Ao que está aflito devia o amigo mostrar compaixão, ainda ao que deixasse o temor do Todo-poderoso” (Jó 6.14). Esta ausência de compaixão é vista em todos os setores da sociedade, inclusive no religioso. Você não crê? Visite as várias redes de interação social, que discutem os mais variados assuntos, e você comprovará a ausência de compaixão.

O evangelista Marcos, 1.40-45, relata-nos o encontro de Jesus com um leproso. De joelhos ele suplica a Jesus que o livre da enfermidade. Apresenta o pedido em forma condicional. “Se quiseres, bem podes limpar-me”. Talvez Jesus não desejasse curá-lo. Tinha o direito de não o fazer, de não querer curá-lo. Mas a compaixão de Jesus não o expõe ante a multidão. Não o humilha pelo terrível mal que o afligia. Não faz acepção e tampouco obedece a Lei que proibia tocar em leprosos: “Não tocar em leprosos”, era preceito obedecido por todos os religiosos da época. Ao contrário, apenas compaixão sobressai no ato do Mestre. Jesus não grita. Não desperta a atenção da multidão que o acompanhava. Não chama o leproso para o centro do palco para que todos pudessem ovacionar mais um milagre. Não! Com voz suave, delicada e doce Jesus toca aquele resto de ser humano e diz: “Quero, sê limpo”. É assim que Jesus trata a nossa dor. O sofrimento que nos aflige não é exposto ao público. Com seu toque meigo e doce o Mestre estende-nos a mão e sussurra ao nosso ouvido: “Quero que você pare de sofrer. Aqui estou para dar-lhe o alívio de que precisa”. Tal verdade levou Paulo a escrever: “Mas o Deus que consola os abatidos, nos consolou...” (II Cor. 7.6). Você pode crer e usufruir desta verdade. Torná-la real no seu viver prático, pois Cristo consola sem explorar a nossa dor.
Julio Oliveira Sanches – bilhete de Sorocaba - OJB
www.pastorjuliosanches.org

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